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Economia brasileira cresce 0,1% no terceiro trimestre

A economia brasileira cresceu 0,1% no terceiro trimestre de 2025 na comparação com o segundo trimestre e atingiu o maior patamar já registrado.

Em relação ao terceiro trimestre de 2024, o Produto Interno Bruto (PIB), conjunto dos bens e serviços produzidos no país, apresenta alta de 1,8% 

No acumulado de quatro trimestres, o PIB teve expansão de 2,7%.

Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A alta trimestral de 0,1% é considerada pelo IBGE como estabilidade, ou seja, não significativa.

De acordo com o instituto, o PIB chega a R$ 3,2 trilhões.

Na passagem do segundo para o terceiro trimestre, a indústria apresentou o maior crescimento (0,8%), seguida pela agropecuária (0,4%). O desempenho dos serviços, que representam o maior peso no PIB, ficou praticamente estável 0,1%.

Observando o comportamento das atividades dentro dos serviços, os destaques foram:

- Transporte, armazenagem e correio: + 2,7%

- Informação e comunicação: +1,5%

- Atividades imobiliárias: +0,8%

A analista das Contas Trimestrais do IBGE, Claudia Dionísio, explica que o desempenho da atividade de transportes é resultado do escoamento da produção extrativa mineral e agropecuária.

No trimestre, o comércio, que também está no grupo de serviços, avançou 0,4%.

Na Indústria, houve alta nas indústrias extrativas (1,7%), na construção (1,3%) e nas indústrias de transformação (0,3%). Já o segmento eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos recuou (-1,0%).

Pelo lado das despesas, o consumo das famílias (0,1%) ficou praticamente estável e o consumo do governo avançou 1,3%.

A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), indicador que mede o aumento da capacidade produtiva de um país por meio de investimentos, subiu 0,9%.

As exportações contribuíram com avanço de 3,3%. No trimestre, as importações recuaram 0,3%.

Assim como o PIB atingiu o maior patamar já registrado, a agropecuária, os serviços e o consumo das famílias também alcançaram nível recorde. Por outro lado, a indústria se encontra 3,4% abaixo do nível mais alto, atingido no terceiro trimestre de 2013.

Os dados do IBGE apontam tendência de desaceleração da economia ao longo de 2025. No primeiro trimestre do ano, a alta ante o último trimestre de 2024 foi de 1,5%. Já na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2025, a expansão ficou em 0,3%.

O mesmo comportamento é observado no acumulado de quatro trimestres. No fim de março, o crescimento foi de 3,6%. Três meses depois, passou para 3,3%, até chegar a 2,7% no fim de setembro.

De acordo com a analista Claudia Dionísio, um dos principais fatores que levam à desaceleração é a política monetária restritiva, ou seja, o patamar alto dos juros.

"Os juros mais altos comprometem várias atividades da economia", avalia.

Entre as atividades mais afetadas pelos juros, ela cita a indústria de transformação (seguimento que transforma matéria-prima em produto final ou intermediário), investimentos e o consumo das famílias, "que tem relação com o crédito", justifica.

No entanto, a pesquisadora aponta que fatores como mercado de trabalho aquecido, aumento da renda dos trabalhadores e da massa salarial e programas assistenciais de transferência de renda aceleram a economia, de certa forma.

"Mitigam um pouco os efeitos contracionistas", afirma.

O Brasil tem registrados nos últimos trimestres os menores índices de desemprego já apurados. 

A taxa básica de juros no país, a Selic, está em 15% ao ano, maior patamar desde julho de 2006 (15,25%). A Selic é decidida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), que defende o nível elevado como forma de combater inflação, acumulada em 4,68% em 12 meses.

Desde setembro de 2024, a inflação está acima do teto da meta do governo, que vai até 4,5%.

Ao esfriar a economia, a taxa de juros alta tende a diminuir a procura por bens e serviços, de forma a frear a alta de preços. O efeito colateral é o obstáculo à geração de emprego e ao crescimento econômico.

A pesquisadora Rebeca Palis aponta que a alta das exportações mostra que o tarifaço americano, iniciado em agosto, que aplicou taxa de até 50% em cima de vendas brasileiras para os Estados Unidos, teve impacto localizado.

Além disso, observa que os exportadores mitigaram o obstáculo. "Os próprios exportadores conseguiram redirecionar", disse.

No caso da soja, por exemplo, parte das vendas foi direcionada para a China, acrescenta Claudia Dionísio.

O tarifaço tem, na visão do governo americano, o papel de proteger a economia americana. O presidente Donald Trump chegou a alegar que se tratava também de retaliação ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro, a quem Trump considerava ser perseguido, antes de ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em setembro, por tentativa de golpe de Estado.

Desde então, os governos brasileiro e americano negociam formas de buscar acordos para a parceria comercial.

No último dia 20, Trump retirou taxação adicional de 40% em cima de produtos como carnes e café. 

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, calcula que 22% das exportações para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas. 

O PIB é o conjunto de todos os bens e serviços produzidos em uma localidade em determinado período. Com o dado, é possível traçar o comportamento da economia do país, estado ou cidade, assim como fazer comparações internacionais. 

O PIB é calculado com o auxílio de diversas pesquisas setoriais, como comércio, serviços e indústria. 

Durante o cálculo, há cuidados para não haver dupla contagem. Um exemplo: se um país produz R$ 100 de trigo, R$ 200 de farinha de trigo e R$ 300 de pão, o PIB será de R$ 300, pois os valores da farinha e do trigo já estão embutidos no valor do pão. 

Os bens e serviços finais que compõem o PIB são medidos no preço em que chegam ao consumidor. Dessa forma, levam em consideração também os impostos cobrados.

O PIB ajuda a compreender a realidade de um país, mas não expressa fatores como distribuição de renda e condição de vida. É possível, por exemplo, um país ter PIB alto e padrão de vida relativamente baixo, assim como pode haver nação com PIB baixo e altíssima qualidade de vida.

O IBGE costuma fazer revisões de divulgações anteriores do PIB. A reanálise dos dados de 2024 identificou mudanças em alguns componentes (recuo maior na agropecuária, crescimento menor da indústria e maior dos serviços), mas as variações se compensaram, de forma que o crescimento de 2024 foi confirmado em 3,4%.

Fonte: Agência Brasil

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