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Por qual motivo Bolsonaro é o novo Lula?


Em 2002, Lula realizava campanhas eleitorais prometendo apenas coisas simples, mas o principal foco era de ter um país na mão dos trabalhadores, já que o próprio tinha sido metalúrgico durante uma pequena parte de sua carreira, a outra, já foi trabalhando em um sindicato.

Desde o início da democracia, por um período de 40 anos, nunca houve um presidente do povo, ou seja, alguém da classe de trabalho mais simples.

Sempre tivemos até então, algum presidente que era médico, advogado, empresário, e que estava na classe média e alta, na elite do país.

E com este ar de que agora temos um presidente "do povo", Lula ganhou as eleições de 2002, iniciando seu mandato em 2003, perdendo para Serra, que mal sabia o custo do feijão, quando questionado em debates, mostrando o quanto ele estava distante do povo brasileiro.

Com um tema anticorrupção, o PT ganhou eleitores que queriam que a farra do sistema político chegasse ao fim. Todos os dias, eram escândalos e mais escândalos sobre como era o sistema sujo entre os políticos.

Todas as pessoas de mais idade, que viveram nos anos 70 e 80, sabem muito bem de que para ter algum benefício do governo, tinha que "molhar a mão" de algum político. Não tinha outra conversa. Era chegar com a grana para que algum deputado pudesse defender alguma causa.

Logo em 2005, em meio ao escândalo do maior esquema de corrupção político da história, Roberto Jefferson, que foi o delator desta operação, revelou que os partidos políticos estavam recebendo grandes quantias monetárias de empresas de todos os tipos para que os políticos estivessem alinhados com seus interesses.

Todos os partidos viviam de corrupção legal, e ilegal, por meio de "caixa dois", uma operação que não era declarada pelas vias legais. Na via legal, uma empresa conseguia deduzir de seu imposto de renda obrigatório, pagamentos para partidos políticos, e assim não ter um custo extra que já teriam para com o próprio governo, e de quebra, ganhavam apoio político direto de bancadas de partidos para que estivessem lá em pró da empresa em si.

Havia também esta prática de "caixa dois", que era um dinheiro extra que as empresas faziam questão de pagar para ter deputados alinhados aos seus interesses, e nisto, malas de dinheiro eram vistas no parlamento para comprar bancadas, partidos, ou até mesmo negociar para que deputados pudessem trocar de partido.

Esperava-se que houvesse, com a entrada do PT, o fim da corrupção sistêmica no governo brasileiro, iniciando o fim deste tipo de investimento das empresas para partidos políticos, mas o que aconteceu foi exatamente o oposto, com José Dirceu tomando a liderança do PT para realização das negociações financeiras do partido, assim como o alinhamento das decisões com os deputados da bancada.

Com a Lava Jato, que se tornou famosa em meados de 2014, muitas destas empresas que antes financiavam partidos, principalmente por "caixa dois", já não estavam mais lá para ajudar os partidos, e a grana que antes regava os corredores de Brasília, parou de rolar para muitos parlamentares.

Apenas alguns poucos políticos não aceitavam participar de negociatas, apesar do envolvimento de seus partidos em negociatas, estes ficavam com suas decisões isoladas, se tornando vozes sem relevância no planalto. Aqueles que "não sabiam ficar quietos" no sistema, eram excluídos do mesmo. Haviam parlamentares do PSOL que lutavam contra a corrupção e falavam no microfone que enxergavam malas de dinheiro, caixas e mais caixas, dinheiro que uma pessoa comum jamais veria em toda a sua vida. Mas aquela farra, após a Lava Jato, acabou.

Afinal, qual empresa agora gostaria de estar ligada ao governo, a partidos políticos, ter sua reputação destruída, como o caso da Odebrecht (que inclusive mudou de nome para tentar se livrar desta imagem) após a Lava Jato, e todo este escândalo que se ouve em todos os lugares?

É por isto que muitos políticos detestam e odeiam algumas das figuras como Enéas Carneiro, que falava abertamente da corrupção do sistema ainda na década de 80, Jair Bolsonaro, que foi um deputado por longa data e que sempre falou todo tipo de corrupção ao seu redor, apesar de talvez haver investigações sobre esquemas de corrupção de seus filhos sobre "rachadinha", prática esta de funcionários devolverem parte de seus salários para a conta dos deputados, item este que era muito usado por outros parlamentares em todos os partidos políticos da década passada, e diga-se de passagem, que aos montões de dinheiro vindos de grandes corporações, esse era o menor dos delitos da corrupção sistêmica brasileira, mas vale ressaltar que não há provas condenatórias para nenhum dos envolvidos, e muitos destes crimes provavelmente já prescreveram, e muitos casos de "caixa dois" já foram julgados na época do "Mensalão".

Entretanto, vemos uma ligeira comparação com o governo que estava querendo se candidatar em 2002, que lutava contra a corrupção, de um povo igual ao povo, sem recursos financeiros, com o então presidente Jair Bolsonaro, que também tem exatamente as mesmas características de lutar contra a corrupção, e contra a "burguesia", afinal, foi militar e político quase em toda a sua vida, sem grandes luxos, e sem relógios de R$ 50 mil no pulso.

Ah, mas os filhos, e os filhos com a mansão de R$ 1 milhão? Claro, os filhos não são relevantes quando se trata da oposição, afinal, o "Lulinha" também foi investigado pelas ações da Lava Jato em esquemas superiores de R$ 1 milhão, mas deixando de lado os filhos de qualquer político, e olhando apenas as duas figuras mais importantes do cenário como um todo, temos Lula e Bolsonaro.

Quem é Bolsonaro hoje, em pleno 2022, senão exatamente o mesmo Lula de 2002? Fora da burguesia, nunca foi médico, engenheiro, ou empresário, e sabe muito bem quanto custa um pacote de feijão em qualquer lugar do Brasil. Lembro-me de que em 2002, Serra foi questionado sobre o preço do feijão e não soube responder, como uma alusão da distância que a classe média e alta estava do povo brasileiro em geral. Hoje em dia, como o próprio Lula já admitiu em várias entrevistas, ele se considera pertencente à classe média, e quem não sabe o preço real dos produtos, hoje, é nada mais, nada menos, que o metalúrgico que antes sabia o preço de tudo, pois afinal, estava perto do povo.

Lula passou trilhar os caminhos da burguesia, com relógio de luxo de R$ 50 mil no pulso, da marca Piaget, que alguns dizem que custa muito mais do que isso, como a própria revista Veja informando que custa mais que R$ 86 mil.


A realidade é que Lula de 2002, jamais usaria um relógio desse, mostrando que ele se tornou alguém realmente da classe média e alta, bem distante do povo, e bem distantes, por sinal, das ruas que tanto andava na época.

Ignorando toda corrupção que houve, todo escândalo desde 2005, vamos pensar apenas no fato que fez Lula ser eleito em 2002: o povo clamava e chorava por ter finalmente, após quase 40 anos do início da democracia, o primeiro presidente oriundo do povo. Uma grande festa era realizada em torno da esperança do fim da corrupção e por uma revolução de tornar o país maior e melhor.

Militantes na esplanada dos ministérios, festejavam por todos os cantos, e adentravam canteiros e lagos, e a polícia mal conseguia conter tanta emoção e alegria.

Claro que era sensacional o fato de ter um presidente de origem humilde, metalúrgico, trabalhador, mas a realidade é que este personagem hoje, ele não existe mais. Ainda naquela época, Lula já tinha trabalhado mais dentro do sindicato do que como metalúrgico em si, e hoje, esta distância do povo em geral, é maior ainda.

Se Bolsonaro fizer perguntas de quanto custa um pacote de feijão, arroz, ou quanto custa o Kg do frango para Lula, hoje ele é quem será como Serra em 2002, e não saberá responder o custo disto, mas por causa disto, e por causa dos mesmos elementos que elegeram Lula em 2002, serão os exatos mesmos fatos que poderão eleger Bolsonaro em 2022.

O mundo não gira, ele capota.

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